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Tecnociência

Um cristal eterno

daniel buenoEm janeiro deste ano, o físico teórico Frank Wilczek, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, imaginou a possibilidade de criar um “cristal espaço-temporal”. Cristais comuns, tais como os de gelo e de quartzo, são objetos cujos átomos formam padrões repetidos. Eles se organizam assim para permanecer em um estado de energia mínima. Assim como as formas de um cristal normal se repetem no espaço, o cristal espaço-temporal se repetiria também no tempo, retornando periodicamente a sua posição original. Diferentemente de um movimento periódico convencional, que com o tempo poderia se dissipar, ele faria isso sempre em um estado de mais baixa energia possível e seu movimento duraria indefinidamente. Uma equipe liderada por Tongcang Li, na Universidade da Califórnia, em Berkeley, é a primeira a propor uma maneira de colocar a ideia de Wilczek em prática. Eles sugerem uma experiência com íons de berílio (Physical Review Letters, 19 de outubro), possível de se realizar com alguns avanços na tecnologia atual. Os íons seriam aprisionados por um campo elétrico a temperaturas extremamente baixas, próximas de -273°C. Nessas condições, os íons formariam um anel, que seria posto para girar pela ação de um campo magnético. Uma vez girando em seu estado de mínima energia, os campos poderiam ser desligados e os íons formariam o cristal que permaneceria em movimento, a princípio para sempre. Ao contrário do que parece, não seria possível usar o cristal espaço-temporal para se criar uma máquina perpétua porque não haveria como extrair energia do anel.

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