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saúde bucal

Um novo foco para a odontologia

Biofotônica pode mudar a atuação profissional dos dentistas nos próximos anos

Com as novas técnicas de biofotônica, moderno dentista deve cuidar de toda a saúde bucal do paciente e não apenas dos dentes

CEPOFCom as novas técnicas de biofotônica, moderno dentista deve cuidar de toda a saúde bucal do paciente e não apenas dos dentesCEPOF

Ao longo dos últimos anos, a ação atuante e esclarecedora da odontologia brasileira foi a grande responsável pela drástica mudança na saúde bucal de nossa sociedade. Já é rotina nos consultórios brasileiros, a visita de pacientes que nunca tiveram cáries. O esclarecimento da população com relação aos cuidados com os dentes tem, em muitos casos, tornado o dentista um profissional mais de acompanhamento, profilaxia e estética bucal do que um aplicador de uma ação curativa. A melhoria dos cuidados com os dentes, por parte da população, tem forçado uma alteração no perfil do profissional da área. Se, por um lado, temos que parabenizar a odontologia brasileira pelo seu excelente desempenho, temos, por outro lado, que reconhecer que a carreira de dentista passa por uma crise que causa preocupação e demanda atenção. O elevado número de novas escolas de odontologia e a melhor saúde do brasileiro tornam dura a tarefa dos novos formandos de alcançar o sucesso profissional, principalmente na região Sudeste do país, onde o mercado está mais saturado. Essa situação tem desmotivado os jovens a ingressar na carreira.

Mas o histórico de sucesso dos dentistas nos faz pensar que esses profissionais podem contribuir em muito para ajudar a população brasileira em aspectos ainda carentes da saúde, como o diagnóstico de lesões bucais e o acompanhamento infantil e geriátrico da saúde pela boca. Se as faculdades de odontologia fizerem neste momento uma reestruturação, permitindo ao dentista uma atuação um pouco mais ampla, será possível fortalecer a área e valorizar o profissional. A modernização da odontologia brasileira pode ser possível graças a avanços tecnológicos obtidos pela área da óptica e da biofotônica. Essas novas tecnologias já existem, mas seu uso ainda é marginal na odontologia. Para que possamos preparar o dentista moderno para uma atuação mais ampla na área de saúde, será preciso modificar, em alguns aspectos, a sua formação curricular e as linhas de pesquisas adotadas na odontologia. Ao mesmo tempo, também será necessário incorporar aos instrumentos de trabalho do dentista equipamentos modernos que o deixem devidamente preparado para assumir essas novas ações. Portanto, será preciso convencer os profissionais do setor a comprar o projeto de uma nova odontologia e os fabricantes de equipamentos odontológicos a incorporar novas funções aos seus sistemas.

Há iniciativas isoladas de adaptar os dentistas para novas funções, porém o esforço sistêmico da categoria profissional ainda não foi realizado. Esse esforço não deve ser visto apenas como um artifício para a valorização da profissão. É algo que vai muito além disso. É um esforço que quer utilizar as potencialidades, as qualidades e a boa formação do dentista para que ele atue em outras frentes, onde seus serviços podem e devem ser prestados. Da mesma forma que a odontologia brasileira mudou de forma radical a saúde dental do brasileiro, ela poderá causar semelhantes mudanças em outras frentes. Mas para que isso seja feito, é necessário um esforço por parte das lideranças do setor.

O dentista é quem mais examina a boca da população. Os dentes são apenas uma porção da boca. Ali temos uma série enorme de outros elementos que demandam constante cuidado e observação. Por isso, poderíamos mesmo pensar em chamar o novo profissional do setor de dentista-bucólogo O slogan “Odontologia além dos dentes” é o mote de uma força–tarefa promovida pelos cursos de odontologia dos campi da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo da iniciativa é modernizar a carreira em diversas frentes, dando ao profissional um treinamento mais amplo, que crie condições para que ele possa realizar em outros aspectos da saúde aquilo que já realizou com relação aos dentes da população brasileira. Essa força-tarefa tem sido a bandeira dos atuais diretores das faculdades de odontologia dos vários campi da USP.

Obviamente, todos os profissionais da área terão algo a contribuir para essa modernização. Mas, no momento, a visão que temos para essa nova fase da odontologia, a partir de nossos trabalhos com óptica e biofotônica, alguns deles em colaboração com dentistas, envolve a atuação do profissional nas seguintes frentes:

1) Controle microbiológico bucal
A boca é certamente a porta de entrada de várias infecções. Como tal, ela é também o reservatório de microorganismos oportunistas que passam a atuar quando encontram deficiências no organismo. O moderno dentista deveria fazer regularmente o controle microbiológico da população por meio do uso de técnicas que não apresentam risco de tornar os microorganismos mais resistentes. Essas técnicas já foram demonstradas na biofotônica e se utilizam da ação fotodinâmica, envolvendo processos oxidativos bastante seletivos aos microorganismos que se deseja combater. Em especial, a boca é foco de infecções quando o paciente se submete a intervenções cirúrgicas de várias naturezas. Por isso, antes de uma cirurgia, a passagem de todos os pacientes por um dentista com esse novo perfil, que realizaria uma desinfecção bucal, levaria a uma severa diminuição na ocorrência de infecção pós-cirúrgica. Em muitos casos, o paciente é o próprio veículo da infecção hospitalar. Apenas essa rotina de desinfecção dos pacientes antes das cirurgias já daria ao profissional uma característica diferente.

2) Diagnóstico bucal completo
Sendo o profissional que mais examina a boca das pessoas, incluindo as mucosas, o palato, o assoalho de boca, a língua, etc, o dentista deveria ser o responsável por diagnosticar áreas suspeitas, usando para alcançar tal objetivo uma série de técnicas modernas, como a fluorescência óptica. No caso de neoplasias, ele também deveria ser o profissional que realiza o diagnóstico por do pedido de exames a laboratórios de patologia. Depois de confirmado o diagnósticos, ele encaminharia o paciente aos centros de oncologia, onde os médicos de cabeça e pescoço poderão atuar.

3) Tratamento de pequenas lesões na boca
Com o advento de modernas técnicas para tratar pequenas lesões, o dentista deveria ser o profissional encarregado de executar, de fato, a terapia para eliminação desse tipo de problema. Visto que essas técnicas são seguras e não envolvem atos cirúrgicos de grande porte, a adoção dessa rotina poderia aliviar o atual sistema de saúde no que diz respeito ao tratamento de lesões desse tipo. A avaliação sobre o resultado final dessas intervenções deveria ser constantemente acompanha por oncologistas. Além das lesões neoplásicas, muitas outras poderão ser tratadas regulamente pelos dentistas, como as estomatites, as candidíases, etc.

4) Acompanhamento do desenvolvimento infanto-juvenil
Com o emprego das modernas técnicas de fluorescência óptica, a análise do estado mineral dos dentes permite saber se o desenvolvimento ósseo de uma criança está ocorrendo adequadamente. Da mesma forma que, no passado recente, a atuação dos dentistas nas escolas mudou a saúde dos dentes, agora esse profissional, com a ajuda dessas técnicas, poderia identificar de forma precoce problemas e propor ações corretivas ainda em tempo de criarmos gerações mais saldáveis de cidadãos. Essa prática poderia antecipar o diagnóstico de problemas graves que se manifestam na fase adulta.

5) Acompanhamento adulto-geriátrico
Através da correta análise dos dentes é possível prever desequilíbrios que levam a doenças como a osteoporose. A visita periódica dos adultos e idosos ao moderno dentista poderia criar vias alternativas que minimizam esse problema. Nesse quesito, é preciso investir em modernas técnicas que medem a composição mineral dos dentes através de diferentes aspectos ou investigam a composição da saliva. No entanto, as técnicas para a adoção desses procedimentos já estão disponíveis.

6) Terapias da dor relacionada com problemas bucofaciais
Apesar de dentista atual já realizar um pouco das atividades relacionadas com a terapia da dor, esse procedimento ainda é marginal e não está incorporado em seu currículo. Essa função do moderno dentista deve ser enfatizada e explorada durante a formação do profissional para que ele seja de fato seja muito atuante nessa área. Essas terapias são realizadas a laser e têm se expandido em todo o mundo. Normalmente são chamadas de Laser Terapia de Baixa Potência e consistem em modificar certas reações metabólicas que levam ao alivio da dor.

7) Muitas outras funções a serem incorporadas
O elenco apresentado está longe de saturar as novas funções do moderno dentista.

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