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Química

Um novo tipo de anã branca

Podcast: Kepler de Souza Oliveira Filho

 
     
O último estágio da vida de 98% das estrelas da Via Láctea é virar uma anã branca, um astro pequeno, quente e extremamente denso, com massa similar à do Sol compactada em um tamanho equivalente ao da Terra. Depois de observar as linhas do espectro de absorção de 32 mil anãs brancas catalogadas pelo levantamento Sloan Digital Sky Survey (SDSS), que permitem inferir a composição química dos corpos celestes, o astrofísico Kepler de Souza Oliveira Filho, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e colaboradores identificaram uma estrela desse tipo com propriedades nunca antes observadas (Science,  1º de abril). Eles encontraram uma anã branca cuja atmosfera é quase totalmente composta de oxigênio, com traços residuais dos elementos neônio, magnésio e silício. “Não há uma teoria que explique a formação de uma anã branca assim”, diz Kepler. “Agora sabemos que elas são raras, mas existem.” Como regra geral, o núcleo das anãs brancas concentra os elementos mais pesados (usualmente carbono e oxigênio), enquanto os mais leves (hélio e hidrogênio) estão nas camadas mais externas (a atmosfera). No caso da SDSSJ1240+6710, nome pouco amigável da inusitada anã branca, o hélio e o hidrogênio não fazem parte de sua atmosfera. Os astrofísicos especulam que o sumiço desses elementos pode ser decorrente da interação do astro com uma estrela companheira, até agora não identificada.

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