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Boas práticas

Universidade francesa pede revogação de título de ensaísta por plágio em tese

A Escola Politécnica, principal escola de engenharia da França, pediu a revogação do título de doutor em ciência da gestão e epistemologia aplicada obtido pelo popular ensaísta e conferencista francês Idriss Aberkane, de 37 anos. Isso, depois de uma investigação concluir que houve plágio na tese que Aberkane defendeu em 2016: um dos capítulos do trabalho contém trechos extensos copiados da internet. O caso foi denunciado em 2021 pela revista L’Express assim que o conteúdo da tese foi franqueado publicamente – o autor havia obtido um embargo de cinco anos para a divulgação do trabalho alegando que ele continha “linhas de códigos” que precisavam ser protegidas.

“Notamos primeiro o óbvio, que Idriss Aberkane plagiou quase todas as 47 páginas do capítulo 13 da sua tese”, disse à L’Express Benoît Deveaud, presidente do Comitê de Ética da Escola Politécnica, que coordenou a investigação. Segundo ele, o autor foi convidado a se explicar e reagiu “com agressividade incrível”. Aberkane negou que tivesse cometido plágio e acusou o comitê de mentir. “Constatamos que ele não tinha a menor intenção de argumentar conosco ou admitir erros. Decidimos, portanto, por unanimidade, propor o cancelamento da sua tese”, afirmou Deveaud.

A revogação do título ainda está pendente porque há dúvidas sobre qual instituição deve procedê-la: se a própria Escola Politécnica, onde Aberkane fez sua pesquisa de doutorado, e, por isso, foi incumbida de investigar o caso, ou a Universidade Paris-Saclay, instituição em que ele defendeu a tese.

Aberkane apresenta-se como um “hiperdoutor”, por obter três títulos em áreas diferentes antes mesmo de completar 30 anos de idade: também tem PhD em literatura comparada na Universidade de Estrasburgo e em diplomacia no Centro de Estudos Diplomáticos e Estratégicos, em Paris. Ele escreve, faz palestras e dá cursos on-line sobre temas tão variados como biologia, geopolítica, filosofia, desenvolvimento pessoal e fotografia – e já foi acusado de inflar seu currículo com cursos que não fez, em neurociências cognitivas e biologia de sistemas, por exemplo, para se apresentar como especialista em assuntos que não conhece em profundidade.

Durante a pandemia, publicou vídeos negacionistas em seu canal no YouTube, onde tem 900 mil seguidores, e tentou reabilitar o médico Didier Raoult, que se tornou célebre por afirmar que a cloroquina tinha efeito contra a doença com base em um estudo cujos resultados não foram confirmados.

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