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Pesquisa na quarentena

“Vamos sair mais bem equipados dessa experiência”

A cientista política Marta Arretche, da USP e do Centro de Estudos da Metrópole, mostra como está cumprindo suas atividades administrativas e de pesquisa

Em gravação de vídeo feito pela representação discente do Departamento de Ciência Política da USP

Reprodução

Estou fazendo isolamento o máximo possível. Saio para fazer compras apenas quando necessário. Procuro fazer listas do que vai faltando em casa para fazer compras maiores e, assim, evito sair com frequência. Também reservo algum tempo para atividade física. Caminho um pouco todos os dias, sempre mantendo distância de 2 metros de outras pessoas. É fundamental para manter o bem-estar.

Passo a maior parte do tempo em casa trabalhando. A USP respondeu rapidamente aos desafios criados pela pandemia. Assim que o governo do estado adotou uma política mais drástica de distanciamento social, a universidade nos autorizou formalmente a converter nossas atividades presenciais em on-line. Tive de aprender a usar uma série de ferramentas que permitem continuar trabalhando.

Estou dando aulas com o Google Meet, aprendi a gravar podcasts para enviar orientações e uso a plataforma acadêmica Moodle da USP para fazer interações com os alunos e corrigir exercícios. Assim, continuo ministrando on-line para 34 alunos a disciplina que estava dando presencialmente na pós-graduação no Departamento de Ciência Política sobre instituições políticas e desigualdade.

IEA Em evento do Instituto de Estudos Avançados da USP sobre uso nocivo do álcool, em 2016IEA

Também mantive todas as atividades de orientação de alunos de mestrado e doutorado e, a cada 15 dias, me reúno via internet com eles. São oito orientandos, mais alguns agregados – o grupo chega a 13 pessoas. Até os seminários do Departamento de Ciência Política continuam acontecendo, só que agora viraram webinários. Um dos temas é sobre os efeitos de políticas contra pandemias.

Para alguém da minha geração que não tinha muita familiaridade com recursos de educação a distância, foi necessário um esforço de aprendizagem muito grande. Mas fiquei muito feliz de conseguir aprender e considero que as reuniões on-line e as aulas ficaram mais objetivas e produtivas.

IEA Em evento do Instituto de Estudos Avançados da USP sobre Cidades Globais, em 2016IEA

Todos os dias, participo de reuniões virtuais. São reuniões de departamento, de comitês da reitoria da USP e do Centro de Estudos da Metrópole, o CEM. O conselho do CEM se reúne mensalmente e tivemos um encontro no dia 30 de março. Foi uma reunião mais curta do que eram as presenciais, mas não deixamos de discutir nenhum assunto da pauta. Usamos os recursos de som e imagem do Google Meet para conversar e o chat para formalizar as decisões. Na hora em que precisamos deliberar alguma coisa, cada um escreve seu voto no chat e a votação fica registrada.

Naturalmente, é mais fácil para um cientista social trabalhar remotamente do que um pesquisador que desenvolve suas atividades dentro de um laboratório. De todo modo, acho que, no conjunto, vamos sair mais bem equipados dessa experiência. Quando a pandemia terminar, creio que passaremos a fazer mais coisas on-line e a otimizar o uso do tempo. A necessidade vai fazendo a virtude.

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