Um enorme espaço vazio identificado no interior da pirâmide de Quéops, no Egito, está ajudando os pesquisadores a entender melhor como esse monumento foi construído (Nature, 2 de novembro). A Grande Pirâmide de Gizé, como também é conhecida, foi erguida há 4,5 mil anos pelo faraó Khufu a partir de blocos de pedra calcária e granito. Com mais de 140 metros (m) de altura, é a mais antiga das sete maravilhas do mundo antigo. Diferentemente de outras pirâmides, a de Khufu abriga várias câmaras, incluindo a do rei, com um sarcófago de pedra, e a da rainha. Descobertas no século XIX, essas galerias foram amplamente estudadas pelos arqueólogos. Mas restavam dúvidas sobre a existência de outras câmaras escondidas. Para investigar esse mistério, um grupo de pesquisadores coordenado pelo físico japonês Kunihiro Morishima, da Universidade de Nagoya, usou uma técnica capaz de rastrear múons, partículas similares aos elétrons, mas cerca de 200 vezes mais massivas. Essas partículas viajam a uma velocidade próxima à da luz. À medida que atingem a superfície da Terra e atravessam objetos perdem energia e se desintegram, sendo parcialmente absorvidas pelas rochas. Na prática, podem funcionar como raio X de uma estrutura. Em fins de 2015, os pesquisadores instalaram detectores de múons na pirâmide e registraram as partículas que passavam por ela. Ao analisar os dados, identificaram um excesso de múons no centro do monumento. A cavidade se estenderia por pelo menos 30 m acima da grande galeria, um corredor ascendente que liga a câmara da rainha à do rei. Essa é a primeira estrutura importante encontrada na pirâmide desde o século XIX. No entanto, não se sabe se o espaço é uma câmara ou um compartimento incorporado pelos construtores para evitar desmoronamentos, aliviando a tensão gerada pelo peso de outras câmaras de pedra.
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