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BOAS PRÁTICAS

Editora retrata 24 artigos de ex-editor de revistas por falta de revisão por pares independente

Uma investigação feita pela editora Elsevier levou à retratação de 24 artigos publicados entre 2013 e 2014 nas revistas científicas Research in Developmental Disabilities e Research in Autism Spectrum Disorders. Conflitos de interesse não declarados e indícios de que a revisão por pares dos artigos ficou comprometida motivaram o cancelamento dos trabalhos. Todos os papers são assinados por Johnny Matson, professor de psicologia da Universidade do Estado da Louisiana, em Baton Rouge, que também era o editor-chefe dos dois periódicos quando os manuscritos foram aceitos para publicação.

As pesquisas de Matson tinham como foco métodos para avaliar e tratar autismo e deficiência intelectual. Quase todos os papers retratados endossavam o uso de ferramentas de diagnóstico desenvolvidas pelo próprio pesquisador e comercializadas por uma empresa que tinha a mulher de Matson entre os sócios, sem que ele assinasse declarações de conflito de interesse informando esse vínculo. Apenas um paper foi retratado por outro motivo: falta de metodologia original. Segundo reportagem do site Spectrum, especializado em notícias e análises sobre a pesquisa do autismo, um painel de 12 investigadores também concluiu que os 24 artigos não haviam sido enviados a revisores externos. A editora começou a investigar o caso em 2015, depois de receber uma denúncia.

O pesquisador, que publicou mais de 800 artigos ao longo da carreira, fez parte da lista, produzida anualmente pela empresa Clarivate, dos cientistas mais citados do mundo. Hoje, ele está aposentado. Ele se defendeu dizendo que não sabia da necessidade de assinar declarações de conflito de interesse e passou a providenciá-las depois que foi alertado. Ele reconheceu que os artigos não foram submetidos a revisores externos. Informou que a prática de enviá-los para análise apenas de editores associados era permitida na época e buscava tornar mais ágil o processamento de manuscritos. Hoje, isso é vedado pelas políticas da Elsevier.

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