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Antropologia

A diversidade é recente entre etnias sul-americanas

Séries de crânios do Brasil e da Colômbia revelam que primeiras populações eram homogêneas

Lagoa Santa: abundância de crânios permite estudar população

Eduardo Cesar Lagoa Santa: abundância de crânios permite estudar populaçãoEduardo Cesar

Explicar as diferenças que separam etnias indígenas na América do Sul, sobretudo no que diz respeito a idiomas e aparência, tem sido um desafio para antropólogos. Agora, um grupo de pesquisadores brasileiros confirmou que grupos distintos são de fato caracterizados por uma enorme divergência na morfologia do crânio, mas indicou que essa diversidade não estava presente desde o início da colonização das Américas.

A conclusão vem de uma série de medições em 29 crânios encontrados em Lagoa Santa, Minas Gerais, e 19 de um sítio arqueológico do centro da Colômbia, relatadas em artigo na PLoS One. Apesar de representar apenas duas localidades, o material se destaca pela abundância – outras populações são conhecidas apenas por um crânio ou pouco mais. O estudo não revelou grande variação dentro de cada grupo, o que indica uma certa homogeneidade de aparência. A divergência entre um e outro também ficou aquém do esperado quando comparada a populações recentes do mundo todo, apesar de os crânios terem idades muito diversas – aproximadamente entre 7 mil e 11 mil anos atrás.

Para os autores, liderados pelos pesquisadores brasileiros Mark Hubbe, da Universidade do Estado do Ohio, Estados Unidos, e André Strauss, do Instituto Max Planck para Antropologia Evolutiva, na Alemanha, os resultados reforçam a ideia de que migrações posteriores, com sucessivos eventos de miscigenação, foram responsáveis por dar origem à variação étnica sul-americana.

Artigo científico
HUBBE, M. et al. Early South Americans Cranial Morphological Variation and the Origin of American Biological Diversity. PLoS One, 14 out. 2015.

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