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Boas práticas

Abertura premiada

Revistas de física de partículas com práticas de ciência aberta vão receber incentivos financeiros do Cern

A Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern), laboratório de física de partículas sediado em Genebra, na fronteira da Suíça com a França, vai oferecer incentivos financeiros a editoras de revistas científicas a fim de que os artigos dos pesquisadores ligados à instituição sejam publicados seguindo princípios da ciência aberta, um movimento que defende a produção do conhecimento científico de forma colaborativa, transparente e sustentável.

O Cern, que mantém o maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC), promove desde 2014 com parceiros internacionais um programa chamado Consórcio Patrocinador para Publicação de Acesso Aberto em Física de Partículas (Scoap3), que paga montantes em dinheiro a editoras de 11 revistas científicas de física de partículas para publicarem o conjunto de artigos de seus pesquisadores em regime de acesso aberto, ou seja, sem cobrar taxas dos leitores. Nos últimos 10 anos, a iniciativa financiou a publicação de mais de 70 mil papers.

A ideia é, a partir deste ano, ampliar o escopo do programa e remunerar melhor as editoras que adotarem políticas de ciência aberta, como a revisão por pares aberta (em que os pareceres dos avaliadores são divulgados para o público juntamente com o artigo e/ou os revisores têm sua identidade revelada), a vinculação dos artigos ao endereço na internet dos repositórios onde seus dados de pesquisa podem ser encontrados e consultados, ou ainda a acessibilidade dos papers a pessoas com deficiência, entre outras.

As práticas de ciência aberta adotadas pelas editoras serão avaliadas. A depender do grau de adesão, as empresas receberão uma remuneração até 15% maior. “Ao incentivar os editores, que desempenham um papel fundamental na interação com os pesquisadores, pretendemos não apenas melhorar a qualidade dos serviços de publicação, mas também promover a adoção de práticas de ciência aberta pela comunidade de pesquisa”, diz Kamran Naim, chefe de Ciência Aberta do Cern, segundo o site da organização. “Isso ajudará a promover pesquisas mais rápidas, eficientes, reproduzíveis e transparentes em física de partículas.”

Atualmente, são investidos no programa € 10 milhões por ano, o equivalente a quase R$ 60 milhões. Para Robert Kiley, um dos dirigentes da cOAlition S, consórcio que promove o acesso aberto de publicações científicas e reúne agências de fomento à pesquisa de países da Europa, da província canadense de Quebec e de organizações filantrópicas como a Fundação Bill e Melinda Gates, incentivar financeiramente os editores a adotar as novas práticas “pode ser uma virada de jogo enquanto fazemos a transição do acesso aberto para a ciência aberta”, afirmou à revista Nature.

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