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De onde vieram os óvulos coreanos?

Uma proeza da ciência sul-coreana mergulhou repentinamente no pântano da desconfiança. Em fevereiro, uma equipe de pesquisadores da Coréia do Sul anunciou ter obtido células-tronco a partir de um embrião humano clonado. Tudo ia muito bem, até surgir a suspeita de que o grupo liderado por Woo Suk Hwang e Shin Yong Moon, da Universidade Nacional de Seul, recorreu a integrantes da própria equipe médica para a doação dos óvulos usados na experiência.

O número de óvulos foi de 242, retirados de 16 voluntárias. Cada uma delas recebeu injeções de hormônio para produzir de 12 a 20 óvulos a cada ciclo menstrual (o normal é produzir somente um). Causou espanto o fato de tantas voluntárias terem se submetido ao tratamento, que é doloroso e pode trazer prejuízos à saúde, como coágulos nas veias e derrame.

“Isso nunca seria feito nos Estados Unidos”, comentou o pesquisador Jose Cibelli, que estuda clonagem na Universidade do Estado do Michigan. Embora as doadoras tenham de se manter no anonimato, Ja Min Koo, estudante da equipe responsável pelo trabalho, declarou à revista Nature que doou óvulos, juntamente com outras mulheres do grupo – numa evidência de que os óvulos podem não ter sido obtidos de forma tão voluntária.

Posteriormente, quando a revelação começou a repercutir, Koo voltou atrás. Disse que havia se expressado mal porque não fala bem o inglês. Hwang refutou a participação de Koo, mas recusou o pedido da revista Nature de apresentar documentos sobre a forma de obtenção dos óvulos.

O acesso a informações no Hospital da Universidade de Hanyang em Seul, responsável pela aprovação ética dos procedimentos, também foi negado. Em editorial, a Nature lamentou que um dos maiores eventos científicos do ano fique manchado por uma suspeita ética.

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