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Repatriado

Dívida paga

Biólogo volta ao Brasil para instalar o primeiro laboratório de neuroproteômica da América Latina

carreiras_martins_d_cleanArquivo pessoalO biólogo Daniel Martins-de-Souza retornou ao Brasil este mês depois de seis anos no exterior com uma dívida paga e uma missão científica ambiciosa. A dívida refere-se ao apoio que recebeu por oito anos em bolsas e auxílios da FAPESP. “Estudei em universidade pública, recebi financiamento de agência do Estado e creio ser justo trazer para o país o que aprendi nos anos que fiquei fora”, diz ele. A missão é instalar na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) o primeiro laboratório de neuroproteômica da América Latina com a meta de desenvolver um método preditivo para a esquizofrenia. O projeto foi aprovado no âmbito do programa Jovens Pesquisadores, da Fundação.

Martins-de-Souza percebeu sua predileção pela carreira científica cedo. O Departamento de Bioquímica da Unicamp tinha em seu programa de pós-graduação a política de admitir para doutorado direto os alunos que houvessem publicado artigos resultantes da iniciação científica. “Era exatamente o meu caso”, conta. Seu tema de estudo era a proteômica com a pretensão de descobrir aplicações para a saúde humana. Achou o orientador ideal quando conheceu Emmanuel Dias Neto, do Hospital A.C. Camargo, na época no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Depois do doutorado, durante o qual passou seis meses na Alemanha, Martins-de-Souza fez um curto pós-doutorado na Unicamp, em seguida outro no Instituto de Psiquiatria do Instituto Max Planck (Alemanha), com bolsa paga pelos alemães, e um último pós-doc na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, a convite de Sabine Bahn, criadora do primeiro teste molecular para o diagnóstico de esquizofrenia. “Isso culminou com meus interesses em esquizofrenia e outras doenças psiquiátricas”, diz ele.

Agora, aos 34 anos, ele está de volta, mesmo com possibilidades reais de conseguir uma posição como professor na Europa e nos Estados Unidos. Vai montar o laboratório de neuroproteômica no Departamento de Bioquímica da Unicamp com auxílios de R$ 208.899,00 e US$ 329 mil, além de um espectrômetro de massa, que será concedido como equipamento multiusuário. A diferença de estrutura entre o que existe de pesquisa no exterior e a encontrada no Brasil ainda é grande. “Estamos começando o laboratório do zero, mas com o financiamento concedido e a colaboração indispensável dos meus colegas, entre eles, os professores Wagner Gattaz, do Instituto de Psiquiatria da USP, e Marcos Eberlin, do Instituto de Química da Unicamp, vamos equiparar essa condição”, conclui Martins-de-Souza.

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