
A Plataforma Lattes foi lançada em 16 de agosto de 1999 com a primeira versão do Sistema CV-Lattes, com cerca de 35 mil currículos importados e adaptados de sistemas anteriores do CNPq. O CV-Lattes reúne as informações sobre a vida científica e acadêmica de pesquisadores, estudantes, docentes, gestores, técnicos e profissionais liberais ligados a ciência e tecnologia. “Desde então há um crescimento exponencial no número de currículos que compõem a plataforma e até o final de julho a estimativa é de que chegue a 1 milhão”, diz Vinícius Medina Kern, diretor de Projetos e Pesquisa do Instituto Stela. “Desenvolvemos para a Plataforma Lattes um conjunto de 138 produtos, produzidos entre 2002 e 2004, como, por exemplo, estatísticas de produção por área de conhecimento, dicionário de palavras-chave, além de conexão com outras bases de dados de ciência e tecnologia.”
A repercussão internacional da Plataforma Lattes se deu com a sua adoção como tecnologia fundamental da Rede ScienTI, formada em 2002, a partir de uma colaboração entre CNPq, Grupo Stela, Organização Pan-americana da Saúde (Opas) e Centro Latino-americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme). Atualmente, além do Brasil, participam Argentina, Cuba, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal e Venezuela. “Além dos sistemas mais conhecidos, desenvolvemos vários projetos de reconhecimento, como, por exemplo, a rede de egressos Lattes, que permite a qualquer pessoa conectada à internet, a partir da definição de parâmetros, acompanhar a trajetória profissional de ex-alunos”, diz Kern.
Ligação acadêmica
A condução de projetos da magnitude da Plataforma Lattes e em projetos de gestão do conhecimento fez com que pesquisadores do Grupo Stela se motivassem a criar um instituto de pesquisa privado sem fins lucrativos, o que ocorreu em setembro de 2002. Inicialmente, o instituto funcionou em paralelo ao grupo. A total independência se deu em março de 2005, quando os pesquisadores se mudaram para uma sede própria. Mas o instituto mantém ainda uma forte interação com a UFSC. “Nosso perfil é bastante acadêmico. Temos professores e alunos de pós-graduação e muitos de nossos colaboradores cursam disciplinas de mestrado e doutorado”, diz Kern. Desde o ano passado o Instituto Stela também conta com uma editora, criada para publicar teses, dissertações, artigos científicos e livros. O instituto tem em seu quadro de funcionários cerca de 60 pessoas, das quais sete são doutores e 15 mestres.
A trajetória internacional do Stela também resultou na elaboração de um sistema para a Opas, com sede em Washington, nos Estados Unidos, entidade que também representa a Organização Mundial da Saúde (OMS). O sistema localiza e contata profissionais para as missões da entidade por meio do sistema Localizador de Especialistas, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Stela. Outro projeto criado pelo mesmo grupo de pesquisa é o Portal Sinaes, do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, com dados e estatísticas produzidos desde 1991 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e atualizados constantemente. Pelo portal é possível consultar o número de cursos e o tipo de profissional que se forma em cada cidade, estado, região ou em todo o país. Ele permite ainda que o interessado encontre um curso de graduação a distância, além de análises comparativas da qualidade dos cursos existentes.
“Um dos principais sistemas de gerenciamento do conhecimento desenvolvidos para a primeira fase do projeto foi um mecanismo de seleção de professores para o banco nacional de avaliadores da educação superior, baseado em 43 critérios objetivos”, diz Kern. O portal permitiu a seleção com critérios objetivos e baseados em mérito dos cerca de 9 mil avaliadores de cursos superiores e cerca de 4.500 avaliadores de instituições, num total de quase 12 mil pessoas – há docentes que avaliam tanto os cursos como as instituições. “A nossa competência vai além das técnicas de construção de sistemas”, ressalta Kern. “Ela abrange também as áreas de engenharia e gestão do conhecimento, o que permite às organizações fazerem melhor uso da sua experiência.”
Demanda empresarial
Também foi realizado pelo instituto o desenvolvimento do Portal Inovação, uma plataforma interativa para a troca de dados entre empresas, universidades e instituições de ciência e tecnologia e inovação contratada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) para o Ministério da Ciência e Tecnologia, em 2005. “O objetivo era criar um espaço para promover o encontro das competências em ciência e tecnologia com as demandas empresariais para inovar em produtos e processos”, relata Kern. Atualmente o instituto trabalha em uma nova fase de desenvolvimento da ampliação do portal, agora sob gestão da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), além de MCT e CGEE. “No início tínhamos uma base de especialistas e universidades muito grande, mas não tão grande de empresas. Agora estamos também dando mais espaço para instituições que apóiam o processo de inovação, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e outras similares”, diz Kern.
Outro projeto recente concebido pelo Instituto Stela em parceria com o Ministério do Meio Ambiente é o portal eletrônico do Sistema Brasileiro de Informações sobre Educação Ambiental (Sibea). O portal tem um banco de dados com 200 mil informações da área. “Para produzirmos uma plataforma de sistemas de informação e conhecimento, existe todo um trabalho de articulação entre os vários atores que compõem determinado ambiente ou tema”, diz Kern.
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