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BOAS PRÁTICAS

Estudo encontra 24,27% de referências com erros em artigos de revistas da área de história

Um estudo publicado por pesquisadores de instituições da Coreia do Sul e dos Estados Unidos analisou artigos de revistas acadêmicas da área de história para avaliar a prevalência de erros de citação, um problema frequente na literatura científica no qual as referências selecionadas em um trabalho científico não confirmam as proposições que os autores do estudo atribuem a elas. A conclusão é de que 24,27% das citações estavam equivocadas. O trabalho foi divulgado em junho na revista Scientometrics.

Foram analisadas 375 citações colhidas aleatoriamente entre todas as referências de artigos publicados entre 2010 e 2019 em cinco revistas: The American Historical Review, The Economic History Review, Isis, The Journal of Interdisciplinary History e Journal of Global History. Todas as citações foram examinadas por três revisores especializados em escrita acadêmica, mas sem formação em história, já que o objetivo era apenas avaliar se as citações conferiam com o original. Quando suas análises divergiam, o trio discutia o caso até alcançar uma avaliação unânime.

Entre as 87 referências com erros, 68 foram classificadas como “não comprovadas” (a citação não tinha a ver com a proposição ou então a contradizia), 19 como “parcialmente comprovadas’’ (a citação era em parte fundamentada, mas continha algum erro) e 4 “impossíveis de comprovar” (a citação era vaga ou imprecisa, inviabilizando uma análise dos revisores). Um dos periódicos, o Journal of Global History, exibiu uma quantidade bem acima da média de erros: 48% das citações dos artigos selecionados tinham problemas.

Não é a primeira vez que os autores do estudo, Aaron Cumberledge, do Instituto de Ciência e Tecnologia Daegu Gyeongbuk, em Daegu, Coreia do Sul, e Neal Smith Jr., da Universidade AdventHealth, em Orlando, Estados Unidos, analisam o problema das referências equivocadas. Em 2020, eles chegaram a resultados muito parecidos, com um índice de erros de citação na casa dos 25% ao avaliarem 250 referências selecionadas aleatoriamente em cinco revistas científicas de alto impacto: Science, Science Advances, Nature, Nature Communications e PNAS. O trabalho foi publicado na revista Proceedings of the Royal Society A: Mathematical, Physical and Engineering Sciences.

O estudo de 2020 fez duas recomendações para enfrentar o problema. A primeira é que a referência contenha o número da página do artigo ou mesmo a posição do parágrafo em que sua proposição pode ser encontrada, a fim de facilitar o trabalho dos revisores. A outra é proibir referências que não fazem proposições e, por isso, não permitem comparar a citação com o original. Um exemplo é utilizar uma citação a um outro trabalho para deixar mais curta a descrição da metodologia adotada no estudo. O correto, diz o estudo, seria descrever o método de forma precisa no corpo do artigo ou em seu material suplementar, para que ele possa ser comparado com o conteúdo do estudo referenciado.

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