Imprimir PDF Republicar

Resenhas

Fazenda modelo

Taperinha | Nelson Papavero e William Overal (orgs.) | MPEG, 459 páginas, R$ 60,00 | Informações: aldeides@museu-goeldi.br

A fazenda Taperinha é uma espécie de xodó de botânicos, zoólogos e arqueólogos especializados na Amazônia. O interesse vem desde o século XIX, quando foi visitada por naturalistas como Joseph Beal Steere, Charles Hartt, João Barbosa Rodrigues, Herbert Huntingdon Smith e W.A. Schulz, entre muitos outros. No século XX o interesse continuou até anos recentes – em 1993 e 2000 esteve escavando por lá a conhecida arqueóloga norte-americana Anna Roosevelt.

A área de 4.800 hectares localizada a 50 quilômetros de Belém é aparentemente uma fazenda comum. O que tem de diferente é o fato de ser  também  um campo aberto à investigação científica para brasileiros e estrangeiros. O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), de Belém, publicou Taperinha: histórico das pesquisas de história natural realizadas em uma fazenda da região de Santarém, no Pará, nos séculos XIX e XX. Trata-se de exaustivo levantamento dos trabalhos científicos de pesquisadores que frequentaram aquela área, com bonita iconografia, feito pelos zoólogos Nelson Papavero, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, e William Overal, do MPEG.

Os sambaquis e as espécies vegetais e animais coletadas na fazenda fizeram a alegria dos cientistas,  eram sempre bem recebidos pelos primeiros donos, Manuel Antonio Pinto Guimarães, barão de Santarém, e seu sócio, o norte-americano Romulus Rhome. Posteriormente o naturalista suíço Gottfried Hagmann, que trabalhou no MPEG, comprou a propriedade e continuou a receber e ajudar os interessados em pesquisas. Em comum, todos tinham interesse pela ciência.

Hoje a fazenda Taperinha, com mais de 70% de mata original, ainda pertence à família Hagmann e continua aberta para trabalhos de pesquisa. “Taperinha tornou-se uma localidade muito conhecida na literatura zoológica – cerca de 150 espécies de vários grupos animais têm essa fazenda como localidade-tipo”, escreveu Nilson Gabas Jr. diretor do museu. O livro dá conta de mostrar toda essa diversidade.

Republicar