Imprimir PDF Republicar

Performance

Fórmula de campeão

Inventada no Brasil, a estratégia Z ajuda a garimpar talentos do esporte

A ex-jogadora de basquete Hortência: força de perna incomparável

AEA ex-jogadora de basquete Hortência: força de perna incomparávelAE

Nas ci­ên­ci­as não fal­tam fór­mu­las. Na fí­si­ca, quí­mi­ca ou bi­o­lo­gia, para fi­car em três áre­as tra­di­ci­o­nais do co­nhe­ci­men­to, há uma sé­rie de equa­çõ­es e cál­cu­los que for­ne­cem res­pos­tas às mais va­ri­a­das ques­tõ­es. Nada mais ló­gi­co pen­sar que tam­bém haja um mé­to­do, ou vá­ri­os, para de­tec­tar pre­co­ce­men­te jo­vens atle­tas com al­tís­si­mo po­ten­ci­al em meio à anô­ni­ma po­pu­la­ção de es­por­tis­tas. Algo como um con­jun­to de re­gras, pro­ce­di­men­tos e me­di­çõ­es de de­sem­pe­nho que, di­an­te de dois ga­ro­tos de 14 anos com de­sem­pe­nho se­me­lhan­te numa mo­da­li­da­de atlé­ti­ca, per­mi­ta pre­ver qual de­les tem mais chan­ces de ser um ta­len­to de por­te in­ter­na­ci­o­nal em sua vida adul­ta. Sim, as fór­mu­las para en­con­trar can­di­da­tos a fu­tu­ros cam­pe­õ­es exis­tem (se­ria um exa­ge­ro po­si­ti­vis­ta di­zer fu­tu­ros cam­pe­õ­es) e uma de­las, a es­­tra­té­gia Z, re­co­nhe­ci­da in­ter­na­ci­o­nal­men­te, foi con­ce­bi­da aqui mes­mo, no Bra­sil. O mo­de­lo é uma cri­a­ção re­la­ti­va­men­te an­ti­ga, e ain­da pou­co co­nhe­ci­da, de pes­qui­sa­do­res bra­si­lei­ros do Cen­tro de Es­tu­dos do La­bo­ra­tó­rio de Ap­ti­dão Fí­si­ca de São Cae­ta­no do Sul (Ce­la­fiscs), no ABC pau­lis­ta, e em es­pe­ci­al de seu ide­a­li­za­dor, o mé­di­co Vic­tor Mat­su­do.

Em 1992, em Bar­ce­lo­na, a es­tra­té­gia Z ga­nhou o prê­mio de me­lhor tra­ba­lho ci­en­tí­fi­co apre­sen­ta­do na Olim­pí­a­da Cul­tu­ral, tra­di­ci­o­nal even­to que sem­pre se re­a­li­za a cada qua­tro anos às vés­pe­ras dos jo­gos, na mes­ma ci­da­de-sede das com­pe­ti­çõ­es es­por­ti­vas. Foi, di­ga­mos, o pri­mei­ro ouro do Bra­sil em solo ca­ta­lão. Des­de en­tão a equi­pe de Mat­su­do tem usa­do – me­nos do que gos­ta­ria, é ver­da­de – e aper­fei­ço­a­do a es­tra­té­gia Z. “Pro­cu­rar ta­len­tos para o es­por­te de alto ní­vel não é e não pode ser pri­o­ri­da­de para ne­nhum país. Isso é algo mu­i­to pe­que­no per­to de ques­tõ­es mais im­por­tan­tes como in­cen­ti­var a prá­ti­ca da ati­vi­da­de fí­si­ca mo­de­ra­da para me­lho­rar a saú­de de uma po­pu­la­ção”, afir­ma o es­pe­ci­a­lis­ta em me­di­ci­na des­por­ti­va. “Mas as pes­so­as, os téc­ni­cos e os es­por­tis­tas pre­ci­sam sa­ber que há nor­mas para en­con­trar ta­len­tos.” E para Mat­su­do a es­tra­té­gia Z, em­bo­ra im­per­fei­ta e com li­mi­ta­çõ­es, é um bom mo­de­lo para per­se­guir esse ob­je­ti­vo. Tan­to que Cuba, uma po­tên­cia olím­pi­ca, usa sis­te­ma­ti­ca­men­te mé­to­dos se­me­lhan­tes para en­con­trar ta­len­tos es­por­ti­vos.

A ló­gi­ca da es­tra­té­gia é sim­ples: me­dir com ob­je­ti­vi­da­de o quão me­lhor ou pior um es­por­tis­ta de­sem­pe­nha uma ta­re­fa, como cor­rer ou sal­tar, do que o ci­da­dão co­mum. Pri­mei­ro os pes­qui­sa­do­res re­a­li­zam uma ba­te­ria de tes­tes e exa­mes no can­di­da­to a fu­tu­ro fe­nô­me­no es­por­ti­vo, ge­ral­men­te um me­ni­no ou me­ni­na en­tre 8 e 18 anos. Me­dem uma sé­rie de va­ri­á­veis, como peso, al­tu­ra, quan­ti­da­de de gor­du­ra, po­tên­ci­as ae­ró­bia (pa­râ­me­tro de re­sis­tên­cia) e anae­ró­bia (in­di­ca­dor de ex­plo­são, for­ça), ve­lo­ci­da­de, agi­li­­da­­de, im­pul­sõ­es ver­ti­cal e ho­ri­zon­tal. Em se­gui­da, con­­fron­tam os re­sul­ta­dos do pos­sí­vel ta­­len­­to com o de­sem­pe­nho mé­dio apre­sen­ta­­do por uma po­pu­la­ção de mes­mo sexo e ida­de. Des­sa com­pa­ra­ção, nas­ce o per­fil Z do jo­vem em ques­tão, com­pos­to por um con­jun­to de ín­di­ces, cada um de­les re­fe­ren­te a uma va­ri­á­vel ana­li­sa­da.

A ga­ro­ta ou ga­ro­to ga­nha um ín­di­ce Z para sua im­pul­­são ver­ti­cal (in­di­ca­dor de quan­to ele sal­ta a mais ou a me­nos do que o pa­drão dos me­ni­nos de sua fai­xa etá­ria), ou­tro para sua ve­lo­ci­da­de e as­sim por di­an­te. “É pre­ci­so sa­ber o que é nor­mal para se ter uma idéia do que é fora de sé­rie”, afir­ma Mat­su­do. Após anos de tra­ba­lho, a equi­pe do Ce­la­fiscs acu­mu­lou in­for­ma­çõ­es so­bre o de­sem­pe­nho de 5.200 jo­vens em ida­de es­co­lar de São Cae­ta­no, que ser­vem co­mo gru­po de con­tro­le, e de 3 mil es­por­tis­tas de vá­­ri­as mo­da­li­da­des. Se os nú­me­ros do pos­sí­vel ta­len­to fo­rem mu­i­to me­lho­res do que os do gru­po usa­do co­mo con­tro­le, so­bre­tu­do em itens de fun­­da­men­tal im­por­tân­cia para a prá­ti­ca em alto ní­vel de um es­por­te, pode-se es­tar di­an­te de um ga­ro­to com po­ten­ci­al pa­ra se tor­nar um fu­tu­ro cam­­pe­ão se de­vi­da­men­te tra­ba­lha­do para tal.

Para cada va­ri­á­vel, um ín­di­ce Z é ex­pres­so em nú­me­ros, em ge­ral de 0 a 6. Os nú­me­ros po­dem ser po­si­ti­vos, se a per­for­man­ce do can­di­da­to for aci­ma da mé­dia num que­si­to, ou ne­ga­ti­vos, se fi­car abai­xo. Como são cal­cu­la­dos os ín­di­ces? A fór­mu­la é sem­pre a mes­ma. Para che­gar ao Z de um es­por­tis­ta numa va­ri­á­vel, como im­pul­são ver­ti­cal, são ne­ces­sá­ri­as duas ope­ra­çõ­es ma­te­má­ti­cas. Pri­mei­ro os pes­qui­sa­do­res pe­gam o quan­to uma pes­soa sal­ta e des­se va­lor sub­traem o quan­to pula a mé­dia da po­pu­la­ção de mes­ma fai­xa etá­ria e sexo. Em se­gui­da o re­sul­ta­do des­sa sub­tra­ção é di­vi­di­do pelo des­vio pa­drão re­la­ti­vo a essa va­ri­á­vel apre­sen­ta­do por essa po­pu­la­ção. Um exem­plo aju­da a vi­su­a­li­zar a fór­mu­la. Se um me­ni­no sal­ta 30 cen­tí­me­tros e a mé­dia dos ga­ro­tos des­sa ida­de pula 27 cen­tí­me­tros, sen­do o des­vio pa­drão para essa va­ri­á­vel igual a 3 cen­tí­me­tros, o seu Z para im­pul­são ver­ti­cal será 1. Esse é o re­sul­ta­do de 30 – 27 di­vi­di­do por 3. Se, em vez de 30 cen­tí­me­tros, o ga­ro­to sal­tar ape­nas 24, o seu Z para esse que­si­to é ne­ga­ti­vo, de me­nos 1. Nes­se caso, a con­ta é 24 – 27 di­vi­di­do por 3.

Cubano Javier Sottomayor: a ilha procura campeões de forma sistemática

AFPCubano Javier Sottomayor: a ilha procura campeões de forma sistemáticaAFP

Tal­vez o mai­or de­sa­fio de quem usa a es­tra­té­gia Z não seja ob­ter ín­di­ces con­fi­á­veis, mas in­ter­pre­tá-los de for­ma cor­re­ta. Para ter chan­ces de se tor­nar um cam­pe­ão um ga­ro­to pre­ci­sa de ín­di­ces Z de que mag­ni­tu­de? Um me­ni­no com Z1 para a va­ri­á­vel ve­lo­ci­da­de e Z2 para o que­si­to for­ça de per­nas apre­sen­ta, res­pec­ti­va­men­te, um des­vio pa­drão aci­ma da mé­dia para o pri­mei­ro pa­râ­me­tro e dois para o se­gun­do. Em ter­mos es­ta­tís­ti­cos, o Z1 sig­ni­fi­ca que a cri­an­ça cor­re mais rá­pi­do do que 84,13% dos co­le­gas de sua ida­de. O Z2 quer di­zer que suas per­nas são mais for­tes do que 99% dos co­le­gas da mes­ma fai­xa etá­ria (mas 1% dos ga­ro­tos são ain­da mais po­ten­tes). Em ou­tras pa­la­vras, ele é um pou­co rá­pi­do e bem for­te de per­nas, sem ser ex­cep­ci­o­nal. Se o so­nho do me­ni­no é ser cor­re­dor dos 100 me­tros, pro­va em que es­sas duas va­ri­á­veis são de­ci­si­vas, suas chan­ces de su­ces­so são qua­se nu­las. Ele vai dei­xar mu­i­ta gen­te para trás na cor­ri­da, é ver­da­de, mas di­fi­cil­men­te será o ven­ce­dor. Os ta­len­tos re­gio­nais ou na­ci­o­nais têm ao me­nos ín­di­ces Z de or­dem 3. Os cam­pe­õ­es in­ter­na­­ci­o­nais che­gam a ín­di­ces bem mais ele­va­dos em cer­tas va­ri­á­veis. “Quem tem um Z6 não é da nos­sa es­pé­cie”, diz, em tom de brin­ca­dei­ra, Mat­su­do. Mas nun­ca se deve olhar ape­nas para um ín­di­ce. É pre­ci­so en­ca­rar o con­jun­to de nú­me­ros, com ên­fa­se nos mais im­por­tan­tes para cada mo­da­li­da­de.

Um dos pri­mei­ros atle­tas em que fo­ram usa­dos os con­cei­tos, ain­da in­ci­pi­en­tes, da es­tra­té­gia Z foi a ex-jo­ga­do­ra de bas­que­te Hor­tên­cia. Fe­nô­me­no das qua­dras, ela co­me­çou sua car­rei­ra, ain­da me­ni­na, em São Cae­ta­no na dé­ca­da de 1970. Em três itens fun­da­men­tais para a prá­ti­ca des­se es­por­te (agi­li­da­de, ve­lo­ci­da­de e im­pul­são ver­ti­cal) Hor­tên­cia apre­sen­ta­va, aos 21 anos, ín­di­ces Z de, res­pec­ti­va­men­te, 3,5, 4,3 e 8,3. “Aos 13, ela já ti­nha nú­me­ros se­me­lhan­tes”, lem­bra Mat­su­do, que acom­pa­nhou de per­to os pri­mei­ros anos da car­rei­ra da jo­vem Hor­tên­cia. Os fãs do es­por­te ain­da de­vem se re­cor­dar de que a bra­si­lei­ra, qual um Mi­chael Jor­dan, era a úni­ca jo­ga­do­ra que qua­se pa­ra­va no ar ao dar um ar­re­mes­so. Sua for­ça de per­na era im­pres­si­o­nan­te. Ela ti­nha, no en­tan­to, um pon­to fra­co. Can­sa­va re­la­ti­va­men­te fá­cil. Sua po­tên­cia ae­ró­bia – ca­pa­ci­da­de de pro­du­zir ener­gia a par­tir do oxi­gê­nio res­pi­ra­do – não era ex­cep­ci­o­nal. Nes­se que­si­to, seu ín­di­ce Z era 2. Na Se­le­ção Bra­si­lei­ra, essa de­fi­ci­ên­cia era com­pen­sa­da pela pre­sen­ça de Pau­la, jo­ga­do­ra qua­se tão ex­cep­ci­o­nal quan­to Hor­tên­cia, só que com ca­rac­te­rís­ti­cas di­fe­ren­tes. Pau­la era o mo­tor do time. “Sua po­tên­cia ae­ró­bi­a ab­so­lu­ta era su­pe­ri­or a 7”, afir­ma Mat­su­do.

Maturidade sexual
Pre­ver se um cam­pe­ão mi­rim ou in­fan­til re­pe­ti­rá seus fei­tos na fase adul­ta é uma das ques­tõ­es mais an­gus­ti­an­tes para um pro­gra­ma de caça-ta­len­tos es­por­ti­vos. Ob­vi­a­men­te não há como prog­nos­ti­car isso com 100% de cer­te­za. Mas a ci­ên­cia for­ne­ce al­gu­mas pis­tas. Uma de­las é ob­ser­var a ma­tu­ri­da­de se­xu­al do atle­ta em for­ma­ção, que se ca­rac­te­ri­za pela mai­or pre­sen­ça de pê­los em seus ór­gãos ge­ni­tais. Às ve­zes, dois jo­vens, de mes­ma ida­de, têm de­sem­pe­nhos es­por­ti­vos se­me­lhan­tes (com ín­di­ces Z idên­ti­cos) e, pres­si­o­na­do para se­le­ci­o­nar ape­nas um de­les, o trei­na­dor es­co­lhe o que apre­sen­ta re­sul­ta­dos li­gei­ra­men­te me­lho­res. A op­ção pode ser um erro se o es­co­lhi­do já es­ti­ver ma­du­ro se­xu­al­men­te. Mo­ti­vo: jo­vens ma­du­ros se­xu­al­men­te es­tão mais pró­xi­mos de ter atin­gi­do o ápi­ce de seu de­sem­pe­nho es­por­ti­vo. Não têm mu­i­to es­pa­ço para me­lho­rar, ao con­trá­rio dos me­nos de­sen­vol­vi­dos se­xu­al­men­te. “É pre­ci­so cor­ri­gir a ida­de bi­o­ló­gi­ca por meio da ob­ser­va­ção da ma­tu­ri­da­de se­xu­al dos jo­vens es­por­tis­tas”, afir­ma o pes­qui­sa­dor Ti­mó­teo Araú­jo, do Ce­la­fiscs.

Jovens em jogo aquático: Brasil não busca  talentos infantis com rigor científico

Divulgação COBJovens em jogo aquático: Brasil não busca talentos infantis com rigor científicoDivulgação COB

Pro­fes­so­res de edu­ca­ção fí­si­ca e téc­ni­cos co­me­tem, às ve­zes, um clás­si­co en­ga­no na hora de ga­rim­par fu­tu­ros cam­pe­õ­es. Eles ig­no­ram ou se es­que­cem de que nem to­das as ca­rac­te­rís­ti­cas ou ha­bi­li­da­des de um atle­ta sur­gem de uma só vez, num úni­co ins­tan­te, como num pas­se de má­gi­ca. Al­gu­mas va­ri­á­veis são de ama­du­re­ci­men­to pre­co­ce, como agi­li­da­de e ve­lo­ci­da­de. Aos 14 anos, um me­ni­no ou uma me­ni­na cor­re com uma ra­pi­dez equi­va­len­te a cer­ca de 90% de seu de­sem­pe­nho na fase adul­ta. Sua agi­li­da­de tam­bém é ape­nas 10% me­nor do que será quan­do atin­gir os 18 anos. Por­tan­to, sal­vo al­gum im­pre­vis­to, quem é mu­i­to ve­loz e há­bil na in­fân­cia tam­bém será quan­do vi­rar gen­te gran­de – se for de­vi­da­men­te trei­na­do. Ta­len­tos ba­se­a­dos na ve­lo­ci­da­de e agi­li­da­de, como um leve e lé­pi­do ata­can­te dri­bla­dor do fu­te­bol, um Ro­bi­nho, do San­tos, ga­nham os ho­lo­fo­tes logo cedo. Já quem de­pen­de de mu­i­ta for­ça fí­si­ca pode des­pon­tar só mais tar­de. A po­tên­cia mus­cu­lar é uma va­ri­á­vel de ama­du­re­ci­men­to tar­dio. “Es­sas pe­cu­li­a­ri­da­des de ca­da va­ri­á­vel têm de ser le­va­das em con­ta no mo­men­to de ana­li­sar a per­for­man­ce de um ga­ro­to”, afir­ma Mat­su­do.

E isso não é tudo. Sabe-se hoje que, de­vi­do a par­ti­cu­la­ri­da­des ge­né­ti­cas, al­gu­mas pes­so­as res­pon­dem me­nos ou mais tar­di­a­men­te ao trei­na­men­to fí­si­co (e a de­ter­mi­na­das di­e­tas ali­men­ta­res) do que ou­tras. É um pro­ces­so se­me­lhan­te ao que faz al­guns re­mé­di­os fun­ci­o­na­rem ade­qua­da­men­te em al­guns in­di­ví­du­os e se­rem to­tal­men­te inó­cu­os em ou­tros. De­ter­mi­na­das al­te­ra­çõ­es em ge­nes li­ga­dos ao sis­te­ma san­güí­neo HLA po­dem de­ter­mi­nar en­tre 15% e 25% da pre­co­ci­da­de ou não da res­pos­ta às in­flu­ên­ci­as do am­bi­en­te, que, no caso, se tra­ta da ati­vi­da­de fí­si­ca. Tra­ba­lhos do pes­qui­sa­dor ca­na­den­se Clau­de Bou­chard com pa­res de gê­me­os uni­vi­te­li­nos (mo­no­zi­gó­ti­cos) for­ne­cem ou­tro tipo de dado so­bre o efei­to da ge­né­ti­ca na per­for­man­ce atlé­ti­ca. Es­tu­dos com gê­me­os uni­vi­te­li­nos (ho­mo­zi­gó­ti­cos) su­ge­rem que, nos ho­mens, a por­ção de DNA pre­sen­te na mi­to­côn­dria – or­ga­ne­la cuja prin­ci­pal fun­ção é ge­rar ener­gia – tam­bém é de­ter­mi­nan­te em sua mai­or ou me­nor sen­si­bi­li­da­de ao trei­na­men­to. Como o DNA mi­to­con­dri­al é her­da­do ape­nas da mãe, o peso do ma­te­ri­al ge­né­ti­co vin­do do pai se­ria pe­que­no nes­se que­si­to. “Por isso cos­tu­mo brin­car que fi­lho de ‘pei­xa’, pei­xi­nho é”, afir­ma Mat­su­do. “E não que fi­lho pei­xe, pei­xi­nho é.”

Republicar