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Carta do editor | 27

Incentivo e avaliação do impacto das pesquisas

Incentivo e avaliação do impacto das pesquisas

A FAPESP conta hoje com cerca de 4 mil assessores ad hoc , responsáveis pela análise de todos os projetos apresentados por pesquisadores do Estado de São Paulo à Fundação. Trata-se de um quadro já bastante amplo de assessores e que está em vias de expansão porque a demanda por financiamento à pesquisa tem crescido de forma significativa. Assim, nos primeiros dias de dezembro, contabilizávamos 13,5 mil processos relativos a solicitações de auxílios e bolsas que deram entrada na FAPESP em 1997. O número ultrapassa o total de propostas apresentadas ao longo do ano passado e é bastante superior à demanda de 1995.

A FAPESP só funciona da maneira como a conhecemos graças a seus assessores ad hoc . E no momento em que se cuida de convocar uma nova leva deles, parece muito oportuno lembrar que os pareceres desses assessores aos projetos que examinam – com toda a autoridade que lhes confere uma competência reconhecida em determinado campo do conhecimento – devem ter um caráter afirmativo de incentivo à pesquisa.

Somente a proposta que efetivamente não tenha qualidade científica ou tecnológica deve ser denegada. Fora disso, cabe ao assessor contribuir para elevar a qualidade da pesquisa que em princípio se mostre viável e significativa para determinada área de especialidade. Para isso, ele deve solicitar o esclarecimento de pontos que lhe pareçam obscuros e apresentar todas as sugestões que considere necessárias para o aperfeiçoamento do projeto.

De outro lado, é preciso que os pesquisadores demonstrem melhor o impacto potencial de seus projetos. Não se trata apenas de fazer previsões estritas sobre prováveis resultados científicos, mas, também, de arriscar projeções sobre os possíveis benefícios sociais e econômicos do projeto. Ou sobre a contribuição provável da pesquisa em foco para o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado – sempre percebido como um componente essencial e indissociável do desenvolvimento sócio-econômico.

Tais projeções devem constar da apresentação do projeto e, posteriormente, quando da entrega do relatório final, elas devem aparecer revistas e comparadas com as estimativas originais. É dessa forma que o próprio pesquisador pode ter uma consciência mais nítida ou uma visão mais crítica do que significa seu trabalho dentro do fluxo geral da produção científica e tecnológica. Mas, além disso, com tais projeções, ele estará fornecendo elementos concretos a uma agência como a FAPESP para que ela possa melhor responder a uma pergunta raramente formulada e freqüentemente implícita nos debates sobre financiamento à pesquisa: qual o retorno desses investimentos em C&T?

O currículo do pesquisador é uma peça importante na análise, a priori, das chances de sucesso de uma pesquisa e, portanto, do acerto, ou não, do uso dos recursos públicos (e nem precisamos confundir competência do pesquisador com titulação, coisas que não necessariamente caminham juntas, embora freqüentemente o façam). O currículo tem grande importância, sim, mas não dispensa a necessidade de serem buscados novos mecanismos capazes de dar uma medida do impacto dos projetos financiados.

Para finalizar: o desempenho da FAPESP pode e deve ser aperfeiçoado. Com o concurso de duas forças vitais para a existência dessa instituição: pesquisadores e assessores ad hoc .

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