A extração ilegal de fósseis é um problema pouco noticiado e mais comum do que se imagina. Quando os países com solo rico em registros pré-históricos são nações em desenvolvimento, que frequentemente padecem de limitações como fiscalização insuficiente, essas valiosas peças podem acabar contrabandeadas. Assim, terminam nas mãos de colecionadores particulares ou mesmo em museus.
Desde 1970, convenção da Unesco – da qual o Brasil é signatário – determina a proibição e promove a prevenção da importação, exportação e transferência de propriedade ilícita de bens culturais. Cabe a cada Estado designar em que constituem seus bens culturais, conceito que engloba, entre outras categorias, os objetos de interesse paleontológico.
Do Brasil, são especialmente cobiçadas as peças oriundas da bacia do Araripe, no Nordeste, região rica em remanescentes fósseis de animais pré-históricos com tecidos moles bem preservados, bastante raros. A comunidade científica, a Polícia Federal e o Ministério Público têm colaborado para localizar peças extraídas do país ilegalmente, denunciar sua venda em leilões e promover seu repatriamento. O movimento também envolve a pressão a revistas científicas para evitar a publicação de resultados de pesquisa feita com base em fósseis contrabandeados ou obtidos de forma antiética. A evasão desse material não apenas representa uma perda patrimonial para o país de origem, como afeta a formação de técnicos e pesquisadores, perdendo-se a oportunidade de valorização desses bens culturais pela população.
No último mês, o Brasil ultrapassou dois marcos terríveis na pandemia causada pelo novo coronavírus: 10 milhões de casos e 250 mil mortos. Pesquisa FAPESP acompanha os acontecimentos e noticia políticas públicas e avanços científicos relacionados à Covid-19. Nesta edição, três reportagens tratam de vacinas: explicamos a diferença entre imunizantes que apenas impedem a doença e os que também barram a entrada do vírus no corpo; mostramos por que Brasil e África do Sul estão na lanterna do conjunto de países chamado Brics quanto ao desenvolvimento de uma vacina própria; e contamos como andam os projetos dos candidatos a imunizantes brasileiros.
Com a crise sanitária desencadeada pela Covid-19, pesquisadores atuantes em diversas áreas do conhecimento têm estabelecido redes de trabalho com o poder público, oferecendo subsídios científicos para a formulação de políticas públicas e procurando contribuir na tomada de decisões. Levantamento feito por Pesquisa FAPESP identificou ao menos 20 iniciativas, que variam de metodologias para antecipar a dinâmica de disseminação de vírus ao levantamento de dados sobre populações vulneráveis, permitindo que sejam adequadamente contemplados em políticas de mitigação dos impactos da pandemia.
Estudioso do coronavírus desde os anos 1980, o virologista Eurico Arruda tranquiliza leitores de sua esclarecedora entrevista ao apontar que, do ponto de vista evolutivo, a tendência é que as sucessivas mutações pelas quais passa o novo coronavírus farão dele um patógeno menos nocivo para seu hospedeiro humano. Ao mesmo tempo, Arruda alerta para a necessidade de monitoração intensiva das variantes de vírus que circulam na população, em todos os cantos do país. Sem esse acompanhamento e de outros testes, não há como saber se elas escapam dos anticorpos induzidos pelas vacinas, à medida que a população for imunizada.
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