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Arquitetura

Progressista e social

Vilanova Artigas e Mendes da Rocha promoveram a ideia de que as cidades devem ser mais humanas e acessíveis

Léo RamosJoão Batista Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha foram professores da FAU-USP e defensores de uma arquitetura progressista, socialmente responsável e que deixou uma agenda de país. Artigas é considerado a figura central da chamada “arquitetura paulista”, que floresceu nos conturbados anos 1960 e 1970. Foi responsável pelo simbólico prédio da FAU, construído como um edifício que não pode ser fechado e promove o convívio entre as pessoas. “Você fica contaminado pela forma e quem estuda ali não faz uma arquitetura tacanha, mesquinha”, afirma o professor Alvaro Puntoni, que trabalhou na Fundação Vilanova Artigas. O “mestre” de Puntoni foi formador de uma maneira única e humanista de ensinar a disciplina, baseada no princípio de “convocar os saberes necessários (filosóficos e tecnológicos) e com uma ideia muita clara de generosidade e compartilhamento desse conhecimento com as novas gerações”. Já Mendes da Rocha, um dos continuadores mais reconhecidos da obra de Artigas, foi o segundo brasileiro a ganhar o Prêmio Pritzker, em 2006, o mais importante da arquitetura mundial – o primeiro foi Oscar Niemeyer. A premiação serviu de reconhecimento da importância da arquitetura paulista, que valoriza mais uma construção inteligente e menos as formas exuberantes. O professor Milton Braga, também da FAU, já trabalhou em parceria com Mendes da Rocha em projetos que vão do corredor Rebouças, em 1995, até o prédio em construção do Sesc 24 de Maio, no centro histórico de São Paulo. “Ele sempre teve uma preocupação com a construção técnica do país. Se, no século XX, havia a desorganização regional, no XXI a agenda persiste com foco nas grandes cidades”, explica. Em outras palavras, os ensinamentos de “mestres” como Artigas e Mendes da Rocha deixaram para as gerações seguintes a lição de que não basta construir casas, mas equipar as cidades de transporte adequado, calçadas acessíveis e um belo ambiente urbano que permita desenvolver cidades mais humanas.

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