Diante de um futuro com menos empregos, quanto se deve trabalhar para obter benefícios mentais e psicológicos, como autoestima e inclusão social, do trabalho remunerado? Para descobrir o tempo de trabalho ideal para proporcionar bem-estar e satisfação pessoal, pesquisadores das universidades britânicas de Cambridge e Salford examinaram os dados do Estudo Longitudinal do Agregado Familiar do Reino Unido (2009-2018), com informações sobre 71.113 pessoas com idade entre 16 e 64 anos que passaram por mudança no total de horas trabalhadas entre 2009 e 2018 (Social Science and Medicine, junho). O levantamento indicou que o risco de problemas de saúde mental cai em média 30% quando uma pessoa sai do desemprego ou da licença-maternidade para o trabalho remunerado de até oito horas por semana. Trabalhar mais, porém, praticamente não oferece incremento maior no bem-estar e na satisfação. Os pesquisadores observaram que o nível de satisfação aumentou cerca de 30% entre os homens com até oito horas de trabalho semanal. Já as mulheres obtiveram um nível semelhante de satisfação quando trabalharam 20 horas por semana.“Se não houver o suficiente para todos que querem trabalhar em tempo integral [40 horas por semana], teremos de repensar as normas atuais”, diz Daiga Kamerade, da Universidade de Salford e autora principal do estudo, em comunicado divulgado pela Universidade de Cambridge. “Isso deve incluir a redistribuição das horas de trabalho, para que todos possam obter os benefícios mentais gerados por um emprego, mesmo que isso signifique que todos tenham que trabalhar menos.”
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Quanto é preciso trabalhar para se sentir bem
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Léo Ramos Chaves