O uso prolongado de adoçantes artificiais pode causar o efeito oposto do desejado. Eles costumam ser consumidos por pessoas com diabetes ou em dieta com restrição de calorias, por se acreditar que ajudem a controlar os níveis de açúcar (glicose) no sangue. Mas, na realidade, essas formulações podem ter um efeito oposto, descobriu o grupo coordenado por Eran Elinav, do Instituto Weizmann, em Israel. Os pesquisadores ofereceram dietas diferentes a camundongos saudáveis. O primeiro grupo bebia só água; o segundo, uma mistura de água e açúcar; e o terceiro, água com uma formulação comercial de adoçante. Depois de 10 semanas, os animais do último grupo haviam desenvolvido intolerância à glicose, condição que precede o diabetes (Nature, 18 de setembro). Elinav e sua equipe viram que o adoçante causa esse efeito por alterar a microbiota intestinal, bactérias que vivem nos intestinos e ajudam a regular processos fisiológicos, como a extração de energia dos alimentos. Roedores criados para não ter bactérias intestinais desenvolveram intolerância à glicose dias após receber transplante de microbiota de camundongos tratados com adoçante ou de bactérias cultivadas na presença de adoçante. As alterações metabólicas dos roedores foram semelhantes às de pessoas que consomem muito adoçante: ganho de peso e aumento da glicose em jejum. “Associado a outras mudanças na nutrição humana, o consumo de adoçantes coincide com o aumento na epidemia de obesidade e diabetes”, escreveram os pesquisadores. “Nossos resultados sugerem que os adoçantes podem ter contribuído diretamente para aumentar a epidemia que deveriam combater.”
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