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História

Um funeral para vítimas do nazismo

Cerca de 300 amostras de tecidos humanos de vítimas do nazismo foram identificadas a partir de análises feitas durante três anos por Andreas Winkelmann, professor de anatomia da Escola Médica de Brandenburgo, na Alemanha. Os restos mortais eram de dissidentes assassinados na prisão de Plötzensee, em Berlim, durante a Segunda Guerra Mundial. Parte dos corpos dos executados nessa prisão foi usada em experimentos no Instituto Universitário de Anatomia de Berlim. As amostras foram descobertas por familiares do anatomista Hermann Stieve (1886-1952), ex-diretor do instituto, e encaminhadas em 2016 para o Memorial da Resistência Alemã, que conduziu as análises em parceria com o hospital Charité de Berlim. À época da guerra, médicos que trabalhavam no instituto de anatomia dirigido por Stieve colaboraram com o regime nazista. Apesar de as investigações não terem identificado a quantas pessoas os restos mortais pertencem, constatou-se que a maioria eram mulheres, parte integrante do grupo de resistência berlinense “Orquestra vermelha”. Stieve fazia experimentos com tecidos genitais de executadas para analisar os efeitos do estresse e do medo no sistema reprodutivo. Após a guerra, ele não foi investigado e pôde prosseguir sua carreira. Os restos mortais identificados foram enterrados em maio, no cemitério de Dorotheenstadt, em Berlim.

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