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Genética

América, mosaico da África

Retratos de negros e negras em Pernambuco feitos por volta de 1870 pelo fotógrafo de origem germânica Alberto Henschel (1827-1882)

Alberto Henschel

O tráfico de escravos africanos, maior movimento de migração forçada documentado pela história, moldou a composição genética das populações de norte a sul das Américas. Mais de 12,5 milhões de africanos foram trazidos para o continente americano de 1514 a 1866 – a maior parte (61%) entre 1750 e 1850. Esse período de maior tráfico transatlântico de escravos coincidiu com o aumento da miscigenação nas Américas (Molecular Biology and Evolution, 3 de março). Uma equipe internacional coordenada pelo geneticista Eduardo Tarazona Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), encontrou sinais dessa mistura no genoma de nove populações das Américas com ascendência africana. No trabalho, os pesquisadores compararam o perfil genético de 6.267 indivíduos oriundos dessas populações e de outras 11 da África. Os dados sugerem que a mistura nas Américas se intensificou entre 1750 e 1850, com o pico da chegada de africanos escravizados. Uma consequência da vinda de um número tão elevado de pessoas e da miscigenação é que, nas Américas, cada população afrodescendente preserva uma parte importante da diversidade das populações que partiram da África entre 500 e 150 anos atrás.

O site da revista Pesquisa FAPESP traz uma versão ampliada desta nota.

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