
Charles J. Sharp / Wikimedia CommonsOrnitorrinco na Austrália: sexo definido por um gene derivado de um hormônioCharles J. Sharp / Wikimedia Commons
Mais uma coisa esquisita dos ornitorrincos (Ornithorhynchus anatinus) e équidnas (Tachyglossus aculeatus), os únicos mamíferos que se reproduzem por meio de ovos. Neles, o sexo não é determinado pelo mesmo gene que cumpre essa função em outros animais. A maioria das espécies de mamíferos tem dois cromossomos sexuais (cada um com muitos genes), X e Y. Um embrião com um par XX será fêmea e, com um XY, macho. O processo que faz com que um embrião se desenvolva como macho é normalmente desencadeado por um gene chamado SRY no cromossomo Y masculino. No entanto, esse gene nunca foi encontrado em ornitorrincos e équidnas. Agora, pesquisadores das universidades de Adelaide, de Melbourne e de Monash, da Austrália, viram que o gene de determinação sexual em monotremados consiste em uma versão adaptada do hormônio antimülleriano (AMH), envolvido na determinação e diferenciação sexual em mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. Chamada de AMHY por ser encontrada em um dos cromossomos Y dessas duas espécies, ela se expressa nos órgãos sexuais masculinos e inibe o desenvolvimento de estruturas que dariam origem aos órgãos reprodutores femininos. Alterações no gene AMH ocorridas há cerca de 100 milhões de anos, no início da evolução desses animais, poderiam explicar como o AMHY surgiu e assumiu um papel no desenvolvimento sexual masculino (Genome Biology, 27 de maio; The Conversation, 12 de junho).
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