Há um dito espirituoso que define jovem como alguém 20 anos mais novo do que você. O IBGE precisa trabalhar com critérios mais precisos, então a essencial instituição provedora de dados oficiais do país define que a categoria engloba indivíduos entre 15 e 29 anos. Há dois anos, o Brasil contava 50 milhões de jovens, pouco menos de um quarto da população. Dispor de uma força de trabalho jovem é muito positivo para o desenvolvimento do país, mas quando o percentual de desempregados é alto, como em 2021 (41,9% para pessoas de 14 a 17 anos e 26,8% para as que têm de 18 a 24 anos), o quadro é extremamente grave.
Cerca de 28% dos jovens entre 15 e 17 anos não frequentam o ensino médio, ainda segundo o IBGE. Neste ano, entrou em vigor um novo formato de educação para essa faixa etária, com o objetivo declarado de estimular a aprendizagem entre os jovens (por exemplo, organizando o ensino médio por áreas de conhecimento, em vez de disciplinas) e adequar a formação às necessidades do mercado de trabalho, permitindo a realização simultânea de um ensino técnico ou profissionalizante. Uma das duas reportagens que compõem a capa desta edição discute essa lei de 2017 e sua implementação ainda bastante desigual no território nacional.
Diagnósticos e políticas relativos às dificuldades de entrar no mercado de trabalho são o tema da outra reportagem sobre a juventude brasileira. Diversas iniciativas para aumentar escolaridade e qualificação, auxiliando a transição estudo-trabalho, são centrais para a inserção social e econômica dessa faixa etária, que crescentemente começa a trabalhar em ocupações precárias.
Aos 31 anos, a astrofísica Lia Medeiros faz um pós-doutorado na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e integra a colaboração internacional Telescópio Horizonte de Eventos (EHT), uma rede de radiotelescópios espalhados pelo globo terrestre, que reúne mais de 300 pesquisadores. Medeiros é uma das coordenadoras do grupo que redigiu um dos seis artigos que descreveram possivelmente a imagem científica mais comentada dos últimos tempos, a do buraco negro Sagitário A*, localizado no centro de nossa galáxia, a Via Láctea. Em entrevista, a pesquisadora conta detalhes do trabalho que confirma as previsões da teoria da relatividade geral de Einstein e por que só agora o público viu essa imagem, que é uma compilação de retratos cósmicos capturados em 2017.
Em 2015 e 2016, esta revista cobriu extensivamente a epidemia de zika que assolou o país, principalmente a região Nordeste. As ocorrências diminuíram nos anos seguintes, mas pesquisadores seguiram investigando o vírus, considerado inofensivo até a eclosão da epidemia, e os danos que causa à saúde. O editor especial Ricardo Zorzetto voltou ao tema e traz um amplo retrato do que hoje se sabe sobre essa devastadora doença e suas vítimas, como as crianças infectadas ainda na barriga das mães que desenvolveram a Síndrome Congênita do Zika. As lesões no sistema nervoso central comprometeram o desenvolvimento das crianças sobreviventes, hoje com 6-7 anos.
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