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Carta da editora | 313

Queda preocupante

Após um começo lento, o Brasil está hoje entre os 10 países com a maior porcentagem da população vacinada contra a Covid-19. Rotineiramente, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS) oferece 29 vacinas sem custo para a população. O bem-sucedido PNI praticamente atingiu a cobertura universal entre 2010 e 2015, isto é, nesse período as vacinas foram aplicadas a uma proporção grande o suficiente de crianças para controlar ou eliminar certas doenças graves.

De 2015 em diante, as taxas de imunização caíram no país, tema destacado em reportagem de capa desta revista em agosto de 2018. Os números para aquele ano apresentaram pequena melhora, mas a tendência de declínio manteve-se depois. A partir de 2020, com as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, a vacinação infantil diminuiu no mundo todo, e no Brasil a aplicação de alguns imunizantes chegou a apresentar queda de 65% em alguns estados.

Muitas das perguntas feitas em 2018 ainda não foram respondidas, mas estudos recentes ajudam a compreender melhor o problema. A queda não é homogênea no país, e a identificação de bolsões de municípios mais afetados permite a adoção de estratégias para intervenções mais direcionadas, mostra o editor especial Ricardo Zorzetto.

O enfrentamento da Covid-19 beneficiou-se da circulação veloz de resultados de pesquisa. Editoras criaram vias rápidas para publicar artigos sobre essa temática e cresceu o uso de repositórios de preprintspapers científicos não submetidos a um processo de revisão por pares. Um balanço de alguns estudos sobre essa forma de divulgação de resultados mostra que a priorização da rapidez não trouxe um significativo impacto negativo sobre sua qualidade. Uma ressalva importante é que essas análises se basearam no subgrupo de preprints que posteriormente passaram pelo crivo dos pares e foram publicados como artigos, não se aplicando a todo o universo de preprints sobre o novo coronavírus.

Da empresa nacional que aposta na volta dos aviões turboélices para uso em voos regionais às plumas de poluição atmosférica localizadas sobre a cidade de São Paulo originárias da erupção de um vulcão submarino próximo ao arquipélago de Tonga, na Oceania, a edição deste mês exemplifica a diversidade de áreas de interesse da pesquisa científica e tecnológica. Um tema que já desponta no elenco de pautas é o bicentenário da Independência do Brasil, presente na reportagem sobre aspectos da história fiscal do país e a seção Memória, que trata de José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu. Grande defensor do liberalismo, procurou adaptá-lo às condições brasileiras, sem, no entanto, deixar de seguir seus princípios fundamentais.

Crianças e jovens, principais vítimas da queda na cobertura vacinal, são protagonistas de duas outras reportagens da edição. Jogos eletrônicos desenvolvidos por grupos de pesquisa em áreas que vão da matemática à saúde, passando por história, podem enriquecer a experiência de alunos em sala de aula. Por último, um passeio pela literatura infantil russa da primeira metade do século XX, editada em obras de grande preocupação estética, como mostram as reproduções que acompanham nosso texto.

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