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Boas práticas

Revista retrata artigo sobre uso da vitamina D contra a Covid-19

Um estudo sobre o uso da vitamina D no tratamento de pessoas com Covid-19 foi retratado em abril por conta de problemas em sua metodologia e incompatibilidade dos dados. O trabalho havia sido publicado em maio de 2021 na revista Scientific Reports, do grupo Nature, por pesquisadores do Instituto de Ciências Médicas de Nizam e da Faculdade Médica Mahatma Gandhi, na Índia. Os resultados sugeriam que doses de vitamina D seriam capazes de reduzir a quantidade de proteínas (citocinas) pró-inflamatórias associadas à doença, sem desencadear efeitos colaterais. Mas um grupo de pesquisadores formado para avaliar a consistência de estudos sobre Covid após sua publicação identificou uma série de problemas no paper.

De acordo com o epidemiologista Gideon Meyerowitz-Katz, da Universidade de Wollongong, na Austrália, que integra essa força-tarefa, os participantes do estudo indiano não foram divididos de forma randomizada em grupo de controle e de tratamento. Também os níveis basais das proteínas avaliadas pelos autores variavam bastante entre os participantes dos dois grupos – em um estudo verdadeiramente randomizado, espera-se que eles sejam parecidos. Meyerowitz-Katz discorreu sobre esses pontos em seu blog no início de abril. Poucos meses depois, a Scientific Reports submeteu o trabalho à reavaliação de dois pareceristas, que confirmaram que os pacientes, de fato, não haviam sido selecionados de forma adequada e, portanto, os resultados não poderiam ser atribuídos com segurança à vitamina D. “Os editores não têm mais confiança nas conclusões desse estudo”, escreveu o periódico na nota de retratação do artigo, publicada em 20 de abril.

Segundo levantamento publicado em abril na Pan American Journal of Public Health por pesquisadores de diferentes instituições do Chile, pelo menos 82 artigos sobre a Covid-19 foram retratados ou suspensos em 2020. Muitos deles haviam sido aceitos uma semana após sua submissão – alguns no mesmo dia. Já de acordo com a plataforma Retraction Watch, que compila casos de artigos e de preprints invalidados pelas revistas ou plataformas que os publicaram, o estudo do grupo indiano seria o 221º trabalho sobre o novo coronavírus cancelado desde o início da pandemia.

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