A IOP Publishing, uma editora do Reino Unido, anunciou uma nova política para os artigos de suas revistas que sofrerem retratação, ou seja, que tiverem seu conteúdo invalidado devido a erros ou a evidências de má conduta. A empresa, que é ligada ao Institute of Physics, principal associação de físicos do Reino Unido e da Irlanda que publica mais de 90 periódicos de diversas áreas do conhecimento, passou a doar o valor das taxas de processamento de artigos (APC) cobradas de autores de papers retratados para uma instituição sem fins lucrativos, a Research4Life, plataforma que dá acesso a conteúdo acadêmico a estudantes e pesquisadores de países pobres. “Às vezes, artigos são removidos do registro acadêmico por causa de má conduta. Não podemos devolver o dinheiro aos autores por razões óbvias, mas também não é certo mantê-lo”, afirmou Miriam Maus, diretora editorial da IOP Publishing, em um comunicado divulgado pela Research4Life. A instituição sem fins lucrativos confirmou ter recebido “uma doação significativa” da editora proveniente de APC de artigos retratados.
Em 2020, a editora anunciou o cancelamento de 25 trabalhos divulgados em seus anais de conferências, que plagiavam artigos publicados em espanhol, traduzindo-os para o inglês sem menção aos autores verdadeiros (ver Pesquisa FAPESP n° 296). E em 2022 retratou mais de 350 trabalhos divulgados em duas publicações – The Journal of Physics: Conference Series e IOP Conference Series: Materials Science and Engineering –, que reúnem anais de conferências sobre física, ciência de materiais e engenharias, por suspeitas de terem sido produzidos por fábricas de papers, serviços fraudulentos que produzem artigos sob encomenda, em geral com dados falsos.
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